quarta-feira, 21 de julho de 2010

Por que é tão difícil terminar uma relação?

Dizem por aí que o amor nos cega. Para a neurociência, isso tem um fundo de verdade: ao mesmo tempo que o sistema de recompensa fica encantado com a presença do parceiro e tudo de bom que isso prenuncia, algumas regiões do cérebro responsáveis por julgamentos sociais - se uma pessoa é confiável ou não, por exemplo - ficam um tanto obnubiladas quando contemplamos o objeto da nossa paixão, seja filho ou namorado. Não é à toa, que a paixão torna as pessoas perfeitas aos olhos dos outros - quero dizer, ao cérebro. Pensando bem, se todos temos defeitos, quantos casais não deixariam de se formar sem a ajuda de uma cegueirazinha mútua para pequenos problemas?

A cegueira social amorosa pode até explicar por que, quando as coisas vão mal, quem não está envolvido consegue enxergar razões suficientes para se terminar um relacionamento mais facilmente do que as partes interessadas: o cara é um crápula, o ciúme dela é doentio, ele não para em casa, ela gosta de outro.

No entanto, mesmo quando a cegueira passa e temos consciência de querermos alguém que nos maltrata, despreza, ignora e às vezes até rejeita, a primeira reação do cérebro pode ser... insistir mais ainda em reconquistar o amor da pessoa em questão. Os amigos, cujos cérebros não sofreram as influências do(a) Fulano(a), repetem que ficamos melhor sem ele(a). Sabemos disso, mas... Por que pode ser tão difícil dizer "basta" a um relacionamento ruim? Masoquismo? Culpa? Carma?

De certa forma (mas só de certa forma), vício. O amor de uma pessoa é talvez o melhor dos vícios: algo do qual queremos mais, e sempre, e pelo qual fazemos tudo o que for preciso. Ele estimula o sistema de recompensa do cérebro, que nos traz prazer, bem-estar e felicidade - e nos faz querer mais de tudo isso com aquela pessoa. A expectativa do prazer de estar com ela é motivação suficiente para procurá-la.

O problema é que, curiosamente, quando o que causou prazer no passado deixa de funcionar ou só funciona às vezes, o sistema de recompensa responde durante algum tempoa essas lembranças com uma ativação ainda maior, que motiva o cérebro a insistir quase que obsessivamente no assunto até recobrar o bem-estar de antes. Foi o que a antropóloga Helen Fisher descobriu em uma pesquisa: "Você acaba de ser rejeitado amorosamente e não consegue se conformar?", perguntavam os cartazes que ela espalhou pelo campus da Universidade Rutgers, em Nova Jérsei, onde trabalha. Onze mulheres e seis homens foram selecionados - uma vez comprovado estarem devidamente inconsoláveis e compareceram ao laboratório, aos prantos, trazendo na mão uma foto do seu ex-parceiro. Os resultados? Admirar a foto do ex-parceiro ainda desejado deixa o sistema de recompensa em polvorosa, com uma ativação intensa do núcleo acumbente, a estrutura central à motivação, semelhante àquela encontrada nos alcóolatras em tempos de abstinência ao verem um copo. Não é à toa que, durante a fase de inconformismo, essas pessoas sejam capazes de tudo para reconquistar seu amor.

(O que acontece quando o desespero passa, os parceiros abandonados dão a volta por cima e não querem mais ver o outro nem pintado? Isso terá que ficar para outro estudo, pois Helen pegou apenas o telefone dos voluntários, todos estudantes, no alojamento da universidade e, quando quis entrar em contato novamente, todos já haviam se mudado. A ciência tem desses imprevistos também).

É exatamente o que nos faz apertar dezenas de vezes seguidas, e cada vez mais desesperadamente, o botão do controle remoto cuja pilha acabou. Você vê que não funciona mais - mas se graças à sorte ou ao seu charme, voltar a funcionar?

Se voltar, ótimo - ou não, porque, se a calmaria fosse apenas temporária, logo começa tudo de novo, e o sofrimento se perpetua enquanto o sistema de recompensa considerar que ainda há chances de sucesso. Uma das descobertas da neurociência mais relevantes à superação da separação é que a excitação do sistema de motivação causada por 50% de chance de sucesso é muito mais forte do que a ativação causada por um sucesso garantido. Por isso, continuar a ver um ex-amante (ou pretendente!) que dá mensagens ambíguas é receita de desastre para o cérebro de quem quer se desligar da pessoa: enquanto achar que há uma ínfima possibilidadezinha que seja de voltar às boas, o sistema de recompensa insiste no  assunto e se agarra com ainda mais força ao osso, sem chances de largar. Portanto a receita para a reabilitação amorosa é uma só: TEMPO E ABSTINÊNCIA, para dar chance ao seu sistema de recompensa de desaprender a esperar coisas boas com aquela pessoa. E outros prazeres, porque a vida continua...

Hum... e quem disse que a culpa é do coração???

*** Texto de Suzana Herculano-Houzel, neurocientista e autora do livro: Pílulas de Neurociência - Para uma vida melhor. ***



O que vocês acharam? Acho que é bem isso mesmo, não é meninas?

Podem me contar... vamos compartilhar alegrias e outras histórias não tão boas, mas na maioria das vezes com final feliz... rsrsrs

3 comentários:

  1. mto bom!
    é isso msm...
    eu, estou na fase d tentar esquecer. e olha q ta difícil!

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  2. Estou tentando esquecer um amor proibido, mas qto mais eu quero me livrar dele mais eu o desejo. É uma coisa sem sentido, né? Não é facil, as vezes ate parece castigo!!!

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  3. Realmente é muito difícil já passei por uma siuação dessas,até pensei em morrer...tive depressão,mas depois de muitos dias e horas no quarto trancada pensei na vida,abri a janela vi a luz entrar...Vi que Deus é maior e como a vida sem Ele não faz sentido. Hoje me amo em primeiro lugar...Querida se vc se senti assim ou já sentiu ore bastante porque só Deus pode nos ajudar..peça ajuda a sua melhor amiga ou ajuda da sua família porque são pessoas importantes na sua vida..Minha mâe e meu pai me ajudaram muito. Fique com DEUS e que os seres de luz estejam te protejendo e iluminando sempre sua vida...Amém!

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